segunda-feira, 6 de agosto de 2007

fotoblogue

Voltei a criar um fotoblogue, agora que tenho acesso a uma máquina com mais algumas capacidades. O fotoblogue chama-se suppose (life is an old man). Podem visitar também a minha galeria no Olhares, ou no Flickr.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Chuck E's in Love - Rickie Lee Jones

Chuck E. Weiss era o melhor amigo de Tom Waitts que era o namorado de Rickie Lee Jones na altura em que esta cantava "Chuck E's in love... with the little girl singing this song". E moravam os três no mesmo hotel. A música tem destas coisas.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

ter o mundo em casa

Na minha passagem pela blogosfera já descrivi a minha experiência enquanto estudante AFS, ao fazer o 12º ano noutro país, no meu caso na Noruega. A grande particularidade de um programa AFS em relação a outros programas de intercâmbio, por exemplo o Erasmus, que se pode fazer mais tarde, é que se dá mesmo a integração do estudante na cultura que o acolhe, porque este fica a viver sob o mesmo tecto com uma família desse país. É uma oportunidade para experimentar outras culturas e apercebermo-nos que afinal, o longe é aqui tão perto.
Todos os anos, em Setembro, várias dezenas de estudantes chegam ao nosso país, para participarem nesta mesma aventura, mas nós que estamos deste lado também temos oportunidade de participar dessa experiência acolhendo-os, e aprendendo mais sobre os outros e sobre nós próprios. A única coisa que é precisa é vontade de aprender e abertura de espiríto para acolher um jovem estudante como novo membro da família.
Não sei ainda como disponibilizar as informações sobre os estudantes que vêm este ano a Portugal, mas se quiserem saber mais contactem a AFS-Intercultura, mandem mail, telefonem peçam informações, e acolham! Se quiserem informações um bocado mais precisas podem ler o reclame oficial, em baixo. E se optarem por não acolher passem a mensagem a quem conheçam e a quem pensam interessar.
E se chegarem a alguma conclusão, ou tiverem alguma pergunta, usem a caixa de comentários.
"Como já devem saber em Setembro chegam a Portugal mais de 60 jovens estrangeiros de todos os cantos do Mundo, para viver a sua aventura AFS!
Procuramos Famílias Portuguesas que gostassem de participar neste projecto, acolhendo voluntariamente um jovem durante o próximo ano lectivo.Para a Intercultura-AFS uma família de acolhimento é alguém com motivação e interesse em receber um jovem estrangeiro como um membro da sua família e não como um convidado ou hóspede. Uma família AFS pode ser constituída por apenas um membro (mãe ou pai), não é necessário ter filhos (da mesma idade), nem é necessário ter um quarto só para o estudante (pode ser partilhado com os irmãos de acolhimento).Uma família de uma zona rural tem tanto para oferecer como uma família da cidade, pois cultura é a forma como vivemos o nosso dia a dia.Uma família AFS não tem de falar Inglês ou nenhuma outra língua estrangeira, a experiência até nos mostra que os estudantes acolhidos por famílias que só falam português aprendem a nossa língua muito mais rapidamente!Sendo um programa académico (que implica a participação activa na escola), não é necessário que a família de acolhimento viaje pelo país com o estudante é importante que o integre no seu dia a dia e na vida familiar."

domingo, 15 de julho de 2007

a minha 1ª corrente

Lembrei-me daqueles livros de criança, A Minha 1ª Enciclopédia, O Meu 1º Dicionário, O Meu 1º Kama-Sutra and so on. Pois é, esta é a minha 1ª corrente, proveniente do blogue O Antivilacondense. Nunca tinha tido uma corrente antes, o que dificilmente se perdoa a um blogger, e se deve, em grande parte, ao gigantesco flop de audiências que é este blogue (e os outros seis que já tive)... Pois bem, não sei se foram os últimos, mas são os últimos que me lembro de ter lido (não por esta ordem):
O Banqueiro Anarquista, Fernando Pessoa
O Chão Que Ela Pisa, Salman Rushdie
O Outono Em Pequim, Boris Vian
Tatt Av Kvinnen, Erlend Loe
(trocadilho com Tatt Av Vinden, E Tudo o Vento Levou,
o título quer dizer E Tudo A Mulher Levou)
Afirma Pereira, de António Tabucchi
Este Afirma Pereira não sei se é um dos cinco últimos ou se essa posição é a de Jonathan Strange & O Senhor Norrel, de Susanna Clarke. E há também os livros que não consegui levar até ao fim como A Senhora, ou Léah e Outras Histórias (da qual só li o primeiro conto). E os livros de estudo, que claro, não li propriamente de uma ponta à outra, como o fabuloso (ou não, ou não) Introduction To Algorithms In C, ou o Arquitectura de Computadores e Microprocessadores.
E não passo a corrente a ninguém, porque não estou, mesmo, a ver a quem passar.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

o chão que ela pisa/ the ground beneath her feet, Salman Rushdie





Uma história de amores, desamores e pop stars, com música dos U2 feita propositadamente para o efeito. O escritor (muito mediático, acrescente-se, para um escritor) até aparece no videoclip!

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Frustration

If I had a shiny gun
I could have a world of fun
Speeding bullets through the brains
Of the folk who give me pains;

Or had I some poison gas,
I could make the moments pass
Bumping off a number of
People whom I do not love

But I have no lethal weapon -
Thus does Fate our pleasure step on!
So they still are quick and well
Who should be, by rights, in hell.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

um assustador problema de física

"17. Uma criança de massa mc = 30 kg sentada num carrinho de massa mv = 50 kg lan¸ca
para trás pedras de massa mp = 2 kg com velocidade v = 5m/s (medida no referencial do
centro de massa do sistema). Admita que o carrinho pode rolar sem atrito e que no instante
inicial se encontra em repouso e contem 20 pedras.

a) Calcule a velocidade do carrinho após a criança ter lan¸cado a primeira pedra;
b) Calcule a velocidade do carrinho após a criança ter lan¸cado a segunda pedra;"

Uma criança, num carrinho, a atirar pedras e a descer desgovernadamente por uma rua gelada? Acho que os filhos dos professores de física devem ter umas infâncias extremamente traumatizantes; para eles e para os pais, que levam pedradas nos olhos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

já foi mais fácil mandar calar

Foi aqui, em textos como este, que começou o caso José Sócrates, a subsequente investigação jornalística, o pedido de explicaçõs de Marques Mendes, e depois, novamente mais investigação jornalística e depois aquele que foi o meu detalhe favorito no processo todo: as "declarações bombásticas" da UnI.
Sócrates usou indevidamente o título de Engenheiro. O máximo que ele obteve foi um título de qualquer-coisa-que-equivale-a-uma-licenciatura-ou-bacharelato-ou-lá-o-que-é de Engenharia, numa universidade privada tão prestigiante que acabou ver todos os seus dirigentes presos há bem pouco tempo, com estardalhaço e aspecto de máfia portuguesa. Ok, sobre isto já ninguém tem dúvidas. De pois de muito balbuciar, de nos apresentar aquele seu fashionable look de primeiro-ministro que não presta declarações sobre assuntos polémicos (1), o próprio Sócrates acabou por admitir, pelo menos essa parte.
A UnI veio depois encerrar o assunto porque tinha declarações bombásticas para dizer numa terça, que, afinal, era uma quinta, e que afinal, não eram bombásticas, mas sim uma súmula daquilo que já se sabia.
A mim não me importa muito saber se o primeiro-ministro é Engº ou deixa de o ser. Eu nem fazia a miníma ideia de que é que ele se dizia ser engenheiro antes desta polémica. E mais preocupante do que tentar passar-se por alguém que não é, usando um título que não é seu. Nunca foi tão fácil fazer piadas, para mais para quem estuda numa universidade que forma, principalmente, engenheiros. O que me espanta, o que me preocupa, são as notícias que agora surgem, que mostram não só o pouco desportivismo do primeiro-ministro, como a sua veia ditatorial de oposição à liberdade de expressão. Por ter revelado factos, o autor do blog Portugal Profundo, que mencionei no príncipio, foi constituído arguido.
Eu não sou fã do blogue, uma vez que traz a lume um tipo de artigos sensacionalistas que não me dizem muito, mas sou fã da liberdade de expressão. E não é assim que o primeiro-ministro calará a blogosfera. Somos muitos e todos prezamos muito a possibilidade de nos exprimirmos em lugares públicos, à vista de todos, as nossas opiniões.
---
(1) Aconselho vivamente a que sigam este link em particular...
(2) Já não é a primeira vez que o autor do blogue é constituído arguido pela sua habilidade em remexer em assuntos polémicos, e já foi absolvido por esses assuntos relacionados com o caso Casa Pia e uma suposta quebra do segredo de justiça.

tenho a comunicar que não tenho nada a comunicar

Estamos a chegar ao Verão. Não sabemos que estamos no Verão por causa do sol, afinal de contas o tempo tem estado de chuva. Não sabemos que estamos no Verão porque começamos a suspirar pelas férias, como bons portugueses fazemos isso várias vezes ao ano; além de que ir para a praia em Setembro sai mais barato.
É pelos jornais que eu constato que estamos a chegar ao Verão. Porque o mercado de transferências já começou as suas movimentações. É a abertura oficial da época da não-notícia que invade jornais e telejornais por esta altura do ano. Em breve vamos ver títulos como: "há pessoas que aproveitaram o facto de estar sol e um calor estafante de 35º para ir à praia" ou "vamos já em directo para a assembleia da república, ver como está vazia porque os políticos estão todos de férias", ou ainda, "ao que parece nesta montanha já não há nada para arder, mas estamos aqui porque não tem havido muitos fogos e portanto temos ainda que fazer a reportagem deste desolador monte de cinzas durante mais uns quatro ou cinco dias".
Querem ver? Querem ver?

domingo, 17 de junho de 2007

e já agora

- Ir de limousine até ao supermercado.

little things to do

- Perder 1000 euros numa única aposta no blackjack (a aposta pode ser maior, conforme as possibilidades, claro está).
- Ir aos cinco continentes.
- Correr a meia-maratona de Lisboa, de Londres, e a da Midnight Sun Marathon, na Noruega.
- Comer spaghetti em Itália para jantar e depois voltar para Portugal na mesma noite (o nascer do sol conta como "a mesma noite").
- Noite de ano novo na Times Square.
- Esquiar nos Alpes.
- Ver nevar em Paris, e em Lisboa, já agora.
- Fazer um interrail.

sábado, 16 de junho de 2007

playlist #01 - this and that

The Repudiated Immortals - Of Montreal
Revelations - Audioslave
A Lady Of A Certain Age - The Divine Comedy
Intervention - Arcade Fire
Last Nite - The Strokes

sexta-feira, 15 de junho de 2007

1

A estação de metro está apinhada de gente. Quando o mundo está tão cheio de pessoas, não damos por mais uma, menos uma, há um equilíbrio dinâmico que não nos diz nada. Perto do olhar, longe do coração. Cada um de nós tem o seu mundo dentro do mundo. O meu mundo é daltónico, manco e maneta, mas é o meu mundo. Há mais luas, há mais eclipses neste mundo do que em outros mundos, mas é este o meu mundo.

O mundo de Lia gira incontrolavelmente. O mundo de Lia é incostante, dilata-se e estreita-se. O chão do mundo de Lia escapasse-lhe sob os pés e ela quase cai, mas apoia-se numa parede. Lia cerra os dentes, fecha os punhos. Dói-lhe a cabeça.

Doem-lhe todas as vozes em uníssono. As do passado, as do presente, aquelas que ela inventou em sonhos. A mãe com as suas palavras enroladas como cigarrilhas, os seus francesismos. Chardonnay, um copo de champanhe que cai e toca o chão e se estilhaça. O som de um coração apertado contra o peito. Gritos, passos, um soalho de madeira que range. Vendedores que apregoam laranjas. Adolescentes que se riem muito alto. O retumbante silêncio dos viajantes solitários. Um crescendo de violinos. Todas as vozes, agora, sob a batuta de um maestro de fraque negro, vamos lá, as contraltos, os barítonos, as sopranos, os tenores, todos, um clamor que se eleva entre o burburinho do fim de tarde.

Completo aqui.

2

A Terra exerce a sua força sobre o corpo de Gabriel, e a fadiga obriga-o a ceder. A intermitência das pálpebras inibe as certezas e torna vaga e difusa a vida para além do seu corpo. Como é bela a ignorância. Bela e escura, sulcada por trilhos de luz inintelígiveis. A sensação de que não existe mais nada; fechamos os olhos e tudo desaparece. A ignorância é onde nos escudamos dos problemas. Porque só temos obstáculos se os virmos lá, se soubermos que eles estão lá. Senão tropeçamos e levantamo-nos, como se não fosse nada. Nem damos por isso.

Vai contra a natureza humana. Porque, quando nascemos, nada temos de humano. Nascemos nas trevas claras do saco amniótico. Aprendemos a andar, a falar, a desiludirmo-nos, a trautear músicas no chuveiro, a usar de cadeiras para súbir a prateleiras mais altas, a gastar dinheiro em slot machines. Aprendemos tanto, erramos tanto. Às vezes só apetece fechar os olhos. Voltar ao momento inicial.

Fora de nós as coisas acontecem como nós saberíamos que elas acontecem se não optássemos pela ignorância. O chão devora os degraus da escada rolante. Os segundos passam. Os minutos também. Algumas pessoas discutem um escandâlo político qualquer. Alguém passa a correr, resmungando

- Chega para lá!

Seremos certamente obrigados a abrir os olhos, mais tarde ou mais cedo. E se esse momento chegar, então que seja como da primeira vez. Que seja tudo novo, mesmo o que é velho, mesmo aquela escultura na estação de metro, sempre igual, sempre pedra, sempre abstracta.

Completo aqui.

domingo, 10 de junho de 2007

Giovanni Sollima - Sogno ad Occhi Aperti

Em baixo: vídeos do violoncelista italiano Giovanni Solima, realizados por Lasse Gjertsen. A parte 1 é especialmente boa. Vejam este vídeo também. Ou todos eles (o filme Jeg går en tur tem legendas, não se preocupem...).

Giovanni Sollima - Sogno ad Occhi Aperti (Daydream)

Ok, enganei-me e deletei os posts com os vídeos. Vou deixar os links:

Parte 1;
Parte 2.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

relativização

Ao que parece a melhor forma de nos recordarmos bem do que é importante é esquecermos o que não é importante. Um estudo publicado na revista Nature NeuroScience, citado pelo New York Times diz que o nosso cérebro tem mais facilidade em procurar as memórias relevantes se ignorar o que é irrelevante.

Nem sempre é fácil descobrirmos o que é importante. Uma grande parte do sucesso do Google enquanto motor de busca deve-se ao facto de conseguir, para uma dada pesquisa, mostrar as páginas mais relevantes, de forma a que, geralmente, encontremos na primeira página de resultados aquilo que procuramos.

O problema é que nem sempre é fácil para nós manter a mente organizada e esquecer aquilo de que não precisamos. Michael Anderson, professor de neurociência cognitiva na Universidade de Oregon diz que "a nossa cabeça está repleta de um surpeendente número de coisas que não precisamos de saber".

Mas a questão que eu tenho é: alguém me diz o que é, afinal, importante ou não saber?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

séries de televisão

O que é que torna uma série de televisão uma boa série de televisão?
É o mesmo que perguntar o que é que faz de um livro um bom livro?
Ou seja, quais são os ingredientes necessários de uma história?
Eu não consigo gostar de séries portuguesas. Primeiro porque raramente, muito raramente (para não dizer nunca), têm um enredo original, o que é uma das possibilidades para gerar um bom conteúdo criativo. As séries de comédia portuguesa recorrem a trocadilhos fáceis e piadas forçadas, um humor de bolso, pouco ambicioso. Não estou, é claro, a falar de programas diferentes, como o Hora H ou o Programa da Maria, mas das séries que a RTP1 costumava transmitir aos sábados à tarde e afins. Depois há as telenovelas, que fazem estender os seus dramas quase sempre similares durante episódios a fio, sem se cansarem, sem se preocuparem com a forma como as histórias são contadas, mas apenas que elas sejam contadas - caso contrário seria impossível ter um episódio por dia.
Nunca aparecem personagens com a forte personalidade de um Dr. House ou as tiradas de um Alex Keaton em Quem Sai Aos Seus. E as vozes off nunca têm a ironia de Grey's Anatomy, nenhuma série de suspense (se é que já houve alguma) teve a inteligência de Lost ou a quantidade de twists de Prison Break.
João Lopes, o crítico de cinema e dos media em geral, escreveu na revista de TV do DN que Gilmore Girls tinha todos os ingredientes de uma telenovela excepto os personagens e enredos standard, previsíveis e desinteressantes. Mas, principalmente, escreveu que tinha uns diálogos fascinantes, que é o que realmente torna a série diferente, diálogos inteligentes, cheios de ironia, humor e referências pop que impedem a monotonia e dão o real interesse à série.
Os nossos argumentos são sempre excessivamente lineares. Não é suposto uma série procurar abordar temas à força como quando ouvi na rádio os argumentistas dos Morangos Com Açúcar a gabarem-se de abordarem temas como a hiperactividade ou as dificuldades dos deficientes motores no dia-a-dia. Um tal novelo de temas só impede que hajam personagens e histórias com o mínimo de profundidade. A RTP está a passar, a seguir ao Gato Fedorento uma série chamada Conta-me Como Foi, baseada numa série espanhola, onde as referências aos anos sessenta são visivelmente forçadas, como ao insistir no relevo das mini-saias, ou nos cromos, nas caricas, etc., em lugar de deixar as personagens indo criar as suas próprias histórias, os seus próprios passados, e deixar as referências surgirem por si próprias.
A ficção portuguesa parece sempre tão falsa, tão forçada, tão pretensiosa. Talvez essa necessidade de forçar as histórias seja o que elas têm de pior, porque as histórias não se podem forçar, têm que se ser contadas como se já estivessem à espera para ser contadas, como se se tivessem, realmente, passado. Por outro lado há a falta de inovação. Para substituir o Gato a RTP lança A Minha Família, baseado num original estrangeiro, como o Conta-me Como Foi. Os Morangos Com Açúcar surgiram com a New Wave e todas as outras telenovelas brasileiras cheias de praia. O Max, bom, eu nem vou falar desse. Vou ficar por aqui.

terça-feira, 1 de maio de 2007

feist - the reminder


amanhã

A angústia do amanhã que não vem,
que surge à janela de comboios antiquados
com o rosto de outro alguém;

A espera de dias atrasados
que se esgotam em
metáforas dúbias e sonhos alados;

A cada dia que passa é mais
inútil a esperança vã
na chegada do amanhã.

(E até o silêncio das borboletas púrpura
me faz pensar.)

terça-feira, 17 de abril de 2007

they shot the stars down

E quando quiserem começar a rever aquela emenda estúpida que diz que o direito à autodefesa inclui uma arma sempre à mão para matarem quem quiserem, estejam à vontade...

terça-feira, 3 de abril de 2007

talvez as almas sejam grandes blocos de pedra

Talvez as almas sejam grandes blocos de pedra.
(Talvez. Podemos dizer o que quisermos, quando começamos as frases com talvez.. Porque nunca se sabe – talvez seja realmente assim, talvez as almas sejam realmente como grandes blocos de pedra.)
No príncipio são toscas e primitivas. Mas as suas próprias vidas as desgastam, as desbastam, as esculpem. E a solidão é o que fica depois do gelo penetrar bem fundo nas fissuras graníticas da nossa alma, derreter em água e esvair-se no ar. O problema é a sucessão dos invernos desacompanhados ao longo dos anos. É assim que as nossas almas, que são rochas, colapsam e se fragmentam em areia – da mesma areia quente de que são feitos os desertos.
Também há invernos em agosto. Num agosto banal o sol é demasiado redondo, demasiado obeso, quase maior que o céu. Enche os becos mais obscuros com os reflexos da sua luz, e aquece os corpos no limite do suportável: os braços tombam, frouxos, ladeando o tronco, as pálpebras fingem um perpétuo adormecimento, a cabeça parece latejar, o crânio torna-se maciço, difícil de sustentar sobre o pescoço, também ele fatigado. É um calor que inibe os pensamentos e dá um significado novo às acções, mais longe do mundo real, mais perto dos sonhos. Os invernos em agosto não têm temperaturas menos mórbidas. Falta-lhes, isso sim, a luz, consoladora e omnipresente, o súor, que torna etéreos os actos praticados, e a refrescante brisa nocturna que dá vontade de viver.

Continua aqui.

sábado, 31 de março de 2007

quinta-feira, 29 de março de 2007

post scriptum

Qualquer coisa de interessante resulta dali se puserem as três canções a tocarem ao mesmo tempo. Ou não.

a música do dia

Quase todos os dias há uma música que não me sai do ouvido o dia inteiro, e soa mais alto quando eu me remeto ao meu silêncio. Depois há outras que vão surgindo ao longo do dia, por uma razão ou por outra, ou porque alguém disse alguma coisa que se parece com o príncipio da letra, ou porque passou na rádio ou num programa de televisão.
Hoje esta tocou no autocarro and made my day :

Esta ouvi rapidamente quando fiz zapping pela rtp2, mas como o ano passado ouvi várias vezes consecutivas o Hard Candy, dos Counting Crows, ficou-me logo ali "atravessada":

E esta passou num momento crítico da Grey's Anatomy hoje - passou mesmo a versão Nouvelle Vague:

As canções podem chegar de qualquer lado em qualquer altura. E podem ficar...

domingo, 25 de março de 2007

a kiss is just a kiss



O Beijo, de Gustav Klimt e As Time Goes By por Louis Armstrong.

sábado, 24 de março de 2007

odeio constipações

A única coisa que me corre bem ultimamente é o meu nariz.

quinta-feira, 22 de março de 2007

peter von poehl - the bell tolls five

Sueco.
Mas a música até é gira...

domingo, 18 de março de 2007

bella ciao


Questa mattina mi son svegliato
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
questa mattina mi son svegliato
e ho trovato l'invasor.
Oh partigiano, portami via
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
oh partigiano, portami via,
che mi sento di morir.
E se io muoio lassù in montagna
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
e se io muoio lassù in montagna
tu mi devi seppellir.
Seppellire sulla montagna,
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
seppellire sulla montagna
sotto l'ombra di un bel fior.
E le genti che passeranno,
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
e le genti che passeranno
mi diranno: " Che bel fior ".
È questo il fiore del partigiano,
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao,
è questo il fiore del partigiano.
morto per la libertà.

quinta-feira, 15 de março de 2007

o que nós não sabemos

Quando se fala em ciência fala-se sempre em Einstein e tudo porque em 1905 ele lançou cinco teorias em cinco diferentes domínios da física, nomeadamente a Teoria da Relatividade Restrita e uma outra da qual ele não gostava particularmente, que falava de quantidades quânticas (logo muito pequenas) de luz, que se passaram a denominar fotões. Estes resultados valeram-lhe o prémio Nobel, mas não convenceram de imediato os cientistas. Na verdade os resultados obtidos experimentalmente com os fotões eram tão absurdamente estranhos (e ainda o são) que Einstein o recusou. O paradoxo de Einstein, Podolsky e Rosen, o paradoxo EPR foi uma tentativa de mostrar que a mecânica quântica não fazia sentido. Hoje continua a ser estranha, mas os resultados são aceites.
O que é que é estranho? Acontece que alterações numa parte de um fotão aqui podem produzir alterações na outra parte desse fotão, a muitos quilómetros de distância em tempo instântaneo. No imediato. Isto é, muito mais rapidamente que a velocidade da luz - se é que se pode falar sequer em velocidade. É por isso que Einstein se recusava a acreditar nesta teoria, é um resultado que ainda não se entende bem.
Esta e outras coisas sobre computação e criptografia quântica foram explicadas numa conferência a que eu assisti hoje e que me deixou cheio de vontade de investigar um pouco sobre o assunto. As potencialidades dos computadores quânticos? Podem quebrar todos os sistemas de segurança alguma vez feitos até hoje. É íncrivel o quanto nós não sabemos.

encontros imediatos de 3º grau

Todo o tipo de seres do Universo podem ser encontrados nos transportes públicos. A canção Os Loucos de Lisboa deve ter sido escrita nos autocarros da Carris...
Eis alguns dos personagens que eu já vi:
- Um improvável homem com camisola interior de alças, um pequeno tufo de cabelo brotando da careca, cinto punk e gestos efeminados que falava com o seu próprio reflexo na porta do metro ao passar pelos túneis escuros, cantava e por fim se zangou com alguém - sem se perceber quem - por comentarem a forma como estava vestido;
- um velho negro que queria à força que um amigo meu, J., que ia ao meu lado, mantivesse a boca fechada ("assim fica mais bónito, pá!") porque ele usa aparelho ("áquela coisa nos dentis, pá!");
- um homem, com aspecto de pessoa perpetuamente zangada com o mundo, que pediu a J. que o deixasse passar quando este se ia sentar, à minha frente, e depois se sentou no lugar que J. ia ocupar; quando o meu amigo lhe pediu para se afastar ele disse "NÃO ESTOU A VER PORQUÊ" com uma voz indevidamente indignada;
- um tipo com ares de esquizofrenia que estava a falar com a pessoa sentada ao meu lado esquerdo no autocarro (era num daqueles bancos duplos virados uns para os outros); o bizarro é que ao meu lado não havia ninguém senão o vazio e que o homem descorria sobre a sua capacidade em matar o amigo, se quisesse, pois tinha tido lições de combate e tiro pela União Soviética; o amigo insistia em não acreditar, o que era bastante frustrante tanto para mim como para o outro alucinado.
Enfim, andar de transportes públicos tem muito, muito mais piada do que ver televisão - pelo menos a portuguesa.

quarta-feira, 14 de março de 2007

grisalho

Basta um dia para ter todos os cabelos brancos. Depois, a cor não volta, nunca mais.

sobre a sobrevalorização dos testes de QI

Li isto neste site:
"Toda a gente acha que o QI de Albert Einstein era muito alto, mas estenão era o caso, já que o seu QI de adulto era apenas ligeiramente acima dos 160. Ele era definitavemente um génio, mas não tanto devido ao seu QI e sim ao seu fantástico nível de pensamento transcendental. Pensamento transcendental (= elevado, sublime) significa que ele era extremamente criativo e imaginativo. Um resultado de QI é uma compinação de velocidade e poder cerebrais. Tem-se uma certa quantidade tempo para fazer um teste de QI, mas se não olhares ao tempo e o fizeres em mais do que ele é permitido podes ter até mais 30 pontos. Portanto o QI de Albert Einstein estava apenas nos 160 (que também é muito alto) mas se ele precisa do seu tempo e eleva o seu pensamento a um nível fantástico quando comparado com alguém de QI de 200. Portanto tinha um grande nível cerebral mas a sua velocidade de raciocínio comparada com o seu poder era lenta."
No outro dia tive uma conversa sobre alguém que disse que o tinha tido o maior QI de sempre fora Einstein e era de 140. Obviamente que isso não é verdade. QI's à volta de 130 são relativamente normais e os grandes QI's excedem bastante os 200. Einstein disse uma vez que era precisamente por ser uma criança atrasada que aprendera mais tarde o conceito de tempo, o assimilara melhor e fora assim que conseguira chegar ao teorema da relatividade.
Acho importante que não reduzamos pessoas a números. O que uma pessoa consegue fazer não depende do seu QI, mas de vários factores, nomeadamente da sua vontade, da sua sorte (leia-se acaso), da sua educação, da sua criatividade, etc.

Nota: Não quer dizer que eu esteja seguro da veracidade do que se diz no site, é só para exprimir uma opinião.

problemas por resolver

Os problemas custam a resolver - os matemáticos que o digam.
Vou aqui neste bizarro blogue, falar de algumas das maiores dores de cabeça dos matemáticos. A história de matemática está cheia de acontecimentos interessantes, como a história de Carl Friedrich Gauss que corrigia os cálculos do pai quando tinha apenas... 3 anos. Portanto achei que talvez gostassem de saber disto.
Dos que foram recentemente resolvidos os mais famosos serão o Teorema das Quatro Cores e, principalmente, O Último Teorema de Fermat. Este Teorema é pequenino, muito pequenino; refere-se a uma pergunta de Diophantus, que morreu à volta do ano 290, pelo que podem ver como é antigo. A pergunta é feita no livro Arithmetica, escrito em latimpelo tal Diophantus. Fermat escreveu, na margem do seu exemplar isto:
"É impossível separar um cubo em dois cubos, ou uma quarta potência em duas quatro potências ou, em geral, qualquer potência superior a dois em duas potências iguais. Eu descobri na verdade uma verdadeiramente maravilhosa prova disto mesmo, que esta margem é demasiado curta para conter."
Isto quer dizer que Pierre de Fermat sabia como provar o teorema; e morreu sem o dizer! Os matemáticos andaram desvairados à procura da resposta e só descobriram em 1994, por Andrew Wiles. Mas a prova de Wiles é complexa e recorre a resultados matemáticos do século XX, algo que Fermat não podia ter feito. Fermat descreveu a sua prova como maravilhosa, o que para um matemático quer dizer simples e elegante, e a prova de Wile não é nada disso. Isto quer dizer que ou complicámos demasiado ou o senhor Pierre de Fermat era um fanfarrão.
O teorema, agora provado diz, sucintamente que:
Se um dado inteiro n é maior que 2, então an + bn = cn não tem soluções para inteiros a, b e c diferentes de zero.
É simples de perceber. Sucinto. E no entanto foram precisos três séculos para o voltar a provar, sem que ninguém descobrisse o que pensou Fermat quando escreveu a nota.

Nota: Tenho que acrescentar: a matemática é uma ciência. Já ouvi falar de pessoas que dizem que a matemática não é uma ciência pois não se baseia em observações empíricas; isso é falso. Os números, as áreas, etc., são conclusões empíricas para as quais, depois, foram dados suportes teóricos. Além disso a maior parte dos teoremas surgiu de simples observações... e muitas dessas observações continuam por provar.

terça-feira, 13 de março de 2007

o primeiro bug


Este é o primeiro bug alguma vez encontrado num PC.
Hoje em dia os bugs dão direito a mensagens com cruzes vermelhas, ecrãs azuis, bloqueios... Antigamente eram bem mais... físicos. Os computadores eram gigantescos manipuladores de informação que funcionavam com sistemas de milhares de válvulas dentro das quais deveriam existir vácuos. Certa vez, num desses antigos computadores, uma investigadora deparou-se com um problema. Horas depois, após procuras intensivas descobriu-se: era uma traça; just a bug, she thought. Pois é, foi assim que surgiu a denominação de bugs nos computadores.
A traça tornou-se na traça mais famosa do mundo, e está exposta num museu nos EUA, colada com fita-cola ao diário da investigadora (como se pode ver em cima).

isto sim é um disco rígido

Isto, amigos e amigas, é um disco rígido, aqui há coisa de uns anitos. Imaginam o vosso PC a ser transportado aos bocados por avião? E isto é só o disco rígido - não se conta com o processdor, com a RAM, etc., etc., etc.

galinha hermafrodita

O Irão não sei; mas a China está definitivamente a fazer experiências núcleares.

domingo, 11 de março de 2007

isobel campbell & mark lanegan - ballad of the broken seas



Para os momentos melancólicos [suspiro...].

efemérides

A subcultura punk faz 70 anos em 2007.
A ópera faz 400.

sábado, 10 de março de 2007

i'm from barcelona - we're from barcelona

Cá está, como prometido. Quem quer que se torne o primeiro visitante do meu novo burgo, vai poder ficar contente, hein, e à borla.
We're From Barcelona,
I'm From Barcelona

Nota: Não, não são espanhóis, senão não falavam tão bem ingês, são suecos, absolut svenske, como o vodka, aí é que está a piada.

é o que dá andar nas drogas

"Não tive consciência de ter cometido qualquer crime."
Valentim Loureiro

sexta-feira, 9 de março de 2007

singing along


Do I attract you?
Do I repulse you with my queasy smile?
Am I too dirty?
Am I too flirty?
Do I like what you like?

I could be wholesome
I could be loathsome
I guess Im a little bit shy
Why dont you like me?
Why dont you like me without making me try?

I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
Ive gone identity mad!

Refrão:
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why dont you like me?
Why dont you like me?
Why dont you walk out the door!

How can I help it
How can I help it
How can I help what you think?
Hello my baby
Hello my baby
Putting my life on the brink
Why dont yo like me
Why dont you like me
Why dont you like yourself?
Should I bend over?
Should I look older just to be put on the shelf?

I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
Ive gone identity mad!

I could be brown
...

Say what you want to satisfy yourself
But you only want what everybody else says you should want

I could be brown
...
Grace Kelly, Mika

Não me vou pronunciar sobre as outras que já ouvi - esta música é muito boa. Já há algum tempo que eu não gostava tanto de um hit pop. Além de que eleva sempre o espírito e tem um videoclip fantástico.

Nota: Ele é a nova pop star britânica-internacional, chama-se Mika, também consegue cantar em falsete, nasceu no Líbano, cresceu em Paris, teve a sua pequena história em Portugal (a mãe fugiu para Lisboa), foi para Londres e se tornou no nº 1 dos tops.

reportagens sobre igualdade de direitos

Porque é que gostam tanto de fazer reportagens sobre mulheres no exército? Na Força Aérea são mais de 25% - muito, mas muito mais do que em Engenharia Informática, I can assure ya. A malta do técnico agradecia a publicidade.

tv tuga

Este site, o TV Tuga junta, numa única página, os muitos serviços de televisão e rádio disponíveis pela net fora, nomeadamente os arquivos da RTP, as emissões das diversas estações SIC, CNN, Al-Jazeera e canais de desporto internacionais nos quais facilmente se podem apanhar, com a ajuda do fórum e da informação do site, os jogos mais esperados, como o Barcelona - Real Madrid, já este domingo. Agora estou a ouvir Radar (este site inclui também quase todas as rádios deste país, sim senhora, bem feito), e a primeira música que ouço? Exactamente o que eu estava a precisar, e aquilo em que estava a pensar: a música mui alegre, colorida, ingénua e relaxante dos I'm From Barcelona da Suécia - precisamente o single We're From Barcelona. Acho que vou deixar aqui o video da próxima vez que precisar de o ouvir.

of montreal - hissing fauna, are you the destroyer?


A banda tem no myspace uma música que se chama "du og meg" - em norueguês quer dizer "tu e eu" (parece que Barnes, o vocalista, viveu na Noruega e tal), e diz que:
"She fell in love with a boy
who spoke a second language
And who lived across the ocean
in the evil empire"
Resta-me esperar que isto seja uma profecia... ainda que Portugal não seja grande evil empire.
Mais no Myspace.

o outono em pequim


Posso desde já adiantar que é um livro que não fala nem do Outono, nem de Pequim, nem do Outono em Pequim. Fala de um deserto com estranho que arde sob um sol estranho onde vai parar um certo número de curiosos personagens. Num livro cheio de non-sense e absurdo, o calor do deserto trás ao de cima nesses mesmos personagens, um resumo das várias facetas da natureza humana. Claro que ninguém faz a mínima ideia do que eu estou a falar, a não ser que tenha lido o livro - ou eventualmente, outro do mesmo autor. Pois é, acabei de comprometer uma eventual carreira de escritor de textos de contracapa.

wishlist



I wish I was a neutron bomb, for once I could go off
I wish I was a sacrifice but somehow still lived on
I wish I was a sentimental ornament you hung on
The christmas tree, I wish I was the star that went on top
I wish I was the evidence, I wish I was the grounds
For 50 million hands upraised and open toward the sky

I wish I was a sailor with someone who waited for me
I wish I was as fortunate, as fortunate as me
I wish I was a messenger and all the news was good
I wish I was the full moon shining off a camaros hood

I wish I was an alien at home behind the sun
I wish I was the souvenir you kept your house key on
I wish I was the pedal brake that you depended on
I wish I was the verb to trust and never let you down

I wish I was a radio song, the one that you turned up
I wish...
I wish...

Pearl Jam,
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